TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO

O que é traumatismo?

Muito se fala em traumatismo, mas você sabe o que é?

O traumatismo cranioencefálico pode ser entendido como qualquer lesão/ agressão ocasionada por um trauma externo e que gere alterações anatômicas do crânio e ou comprometimento da função das meninges, assim como do encéfalo e vasos que irrigam essa área.

Essa condição expressa relevantes números de óbitos, sendo a principal responsável em pacientes politraumatizados. Entre as principais causas, estão:

–  Acidentes automobilísticos (50%);

– Quedas (21%);

– Assaltos e agressões (12%);

– Esportes e recreação (10%).

O Brasil tem um número bem expressivo de hospitalizações devido a traumatismos cranianos, anualmente, cerca de 500 mil pessoas requerem hospitalização; destas, 75 a 100 mil morrem no decorrer de horas, enquanto outras 70 a 90 mil desenvolvem perda irreversível de alguma função neurológica.

Lesão Cerebral

A lesão cerebral é resultado de dois processos distintos desencadeados no traumatismo cranioencefálico, e são eles:

Lesão primária

Esta subentende-se pelo dano causado no impacto. Exemplos de lesões primárias são:

– Contusões;

– Lacerações;

– Fragmentação óssea e lesão axonal difusa.

Lesão secundária

Entende-se por essa definição, causas secundárias a lesão, como;

– Lesões por hematomas intracranianos;

– Edema;

– Hipóxia e isquemia por hipertensão intracraniana (HIC);

– Choque.

Se tratando de traumatismo craniano, existem muitas denominações importantes às quais sua compreensão não é totalmente elucidada.  Assim, segue algumas definições importantes nessa área.

DEFINIÇÕES IMPORTANTES

Concussão

Se tratando de traumatismo craniano, o termo concussão é extremamente relevante. Entende-se pela alteração da consciência decorrente de uma lesão na região encefálica não penetrante.

As alterações da consciência incluem:

– Confusão;

– Amnésia (característica da concussão);

– Perda da consciência por poucos minutos.

Não há um consenso estabelecido acerca da duração dos sintomas, podendo durar de algumas horas a dias.

Glutamato

O glutamato é um neurotransmissor excitatório. Seus níveis podem ser alterados, sendo aumentando com a concussão, essa elevação condiciona ao cérebro um estado hiper glicolítico e hipermetabólico. Essa condição pode se instaurar até 7 a 10 dias após o quadro 

Nessa fase o cérebro fica mais suscetível a um segundo trauma. Este é conhecido como a síndrome do segundo impacto. As consequências são de extrema relevância, podendo ocorrer edema cerebral maligno

Síndrome do segundo impacto

Como o próprio nome sugere, esse quadro se instaura diante de um segundo traumatismo cranioencefálico, ainda na vigência de sintomas do traumatismo anterior, e nos quais se desenvolveu um edema cerebral maligno refratário a qualquer tipo de tratamento.

Essa condição expressa relevante mortalidade, em 50 a 100% dos casos. Entretanto, sua ocorrência é rara.

Contusão

Essa condição se instaura, principalmente, nas áreas em que a desaceleração súbita da cabeça faz o tecido cerebral se deslocar e ir contra algumas proeminências ósseas.  

Lesão por Contragolpe

Essa condição ocorre quando, além da lesão potencial ao ponto do impacto, desenvolve-se lesão concomitante a um ponto diametralmente oposto. Pois a força exercida sobre o cérebro, ocasionalmente, pode levá-lo a ir contra o crânio.

Lesão axonal difusa

É uma lesão primária do traumatismo cranioencefálico. E apresenta risco de desenvolvimento de focos hemorrágicos no corpo caloso e no tronco cerebral, onde observa-se lesão difusa aos axônios. Podem demonstrar:

– Bolas de retração axonal;

– Estrelas microgliais;

– Degeneração das fibras dos tratos de substância branca.

Esta é uma das principais formas de lesão traumática encefálica, estando relacionada ao envolvimento das fibras axonais.

Vale ressaltar que em alguns pacientes pode ser observado deterioração tardia. Estes não exibem sinais significativos de lesão cerebral inicialmente, assim, deterioram tardiamente. Suas causas compreendem:

– 75% por hematoma intracraniano que pode estar presente na avaliação inicial ou se desenvolver tardiamente;

– Edema cerebral difuso;

– Hidrocefalia;

– Pneumoencéfalo hipertensivo;

– Crise convulsiva;

– Anormalidades metabólicas;

– Eventos vasculares como trombose de seio dural, dissecção arterial, hemorragia subaracnóidea (HSA) aneurismática ou embolia cerebral;

– Meningite;

– Hipotensão – choque.

Como discorrido, existem várias definições acerca do assunto que é importante nos atentarmos  além de ser um tema de extrema importância. Portanto, a atuação de um médico neurocirurgião nesses casos é de suma relevância para a qualidade e sobrevida do paciente. 

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